Féz


Em ventos cortantes
Vejo cada grão de areia bailando no ar.
Vejo o segredo guardado por gênios e ifrites,
Vejo o tempo parar.

Como se cada segundo fosse uma eternidade
E como se uma eternidade não durasse uma vida.

Sigo a dança sensual do deserto,
O suspiro carnal da solidão.
Seria capaz de viver sete eras
E nada poder contar.

Não sou o vento,
Não sou o ar.
Não sou nada desse mundo;
Sou como o que move o grão de areia
E imagino a beleza desse estado de espírito.

Apenas finjo...

Se for alguém capaz de criar tal coisa,
Largando de todo o fardo ilusório,
Misturando o ser com o estar;
Na solidão do deserto.

Heitor Victor

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