O ruço tece a manhã
O ruço tece a manhã, qual grafite esfumaçado. Não sei se úmido ou frígido, ou se um sentir embaçado. Eis que há cinza em meus olhos, neste olhar acastanhado, um fumo que amedronta, encontra-me enclausurado. O ruço espelha as sombras de um coração embotado, que nessa aurora ameaça Um ímpeto mal logrado. Solfejo umas notas tristes e um triste, quase enlutado, odor de incenso lúgubre com aroma almiscarado. Mas, sei que há de arder ainda, há chama em meu ser tombado, calor em meu peito austero, quero estar apaixonado. E o ruço? Já me engolfou, se encontra em mim tatuado, na trama da vida inteira, enredo já maculado. Heitor Victor