Nau à Deriva

Sei que está fadado ao fim
Melancólicos os seus atos
Mesmo que o lembre o carmim
O amor não deixará retratos

Eu sinto que estou à deriva
Sem rumo ou qualquer direção
Mas a chama ainda está viva
Lembranças a alimentarão

Por onde iniciar a história?
Se não pelo mais simples fato
Tua alma tão contraditória
E a minha sem nenhum recato

Invejo-te a liberdade
Inveja-me a motivação
Se em mim só restará a saudade
Em ti só restará o perdão

A ti dediquei terno olhar
A mim sempre admiração
Naveguei teu agitado mar
Minha calma, a amarração

Um belo conto nós teremos
Aos olhos do leitor passivo
Amargas personas seremos
Tal qual um pássaro cativo

Perdeu-se no ar o meu apelo
Ao mar foi-se a lamentação
Amei-te com enorme zelo
Inóspito teu coração

Mas sei que não tivestes culpa
Meus olhos não te enlaçaram
Desejo-te minha desculpa
Se os lábios não se aplacaram

Beijei-te, sim, ardentemente
Eu não dei trégua ao teu pesar
Teus seios foram a serpente
Lasciva a me provocar

Por fim meu corpo junto ao teu
Fez perdurar nossas carícias
Mas o temor que te abateu
Levou-te sem deixar notícias

Heitor Victor

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