Bailarina

Seus pés inexistem de tal forma
Que surgir e não surgir confundem-se
Em formas antes nunca vistas
Em traços dissonantes fundem-se

Bailando encanta e canta
Levanta o gesto altivo e lépido
Em mudas vozes se agiganta
O salto surge então intrépido

Pra lá e pra cá está e não está
Se vejo foge despretensiosa
Desvela e vela em calma
Às vezes e às vezes ansiosa

Sua pele brilha e empalidece
E ao mesmo tempo aquece
Enriquece meu vazio sonho
E se em momentos enfadonho
Um presto repentinamente
Surge e aviva toda a nossa gente

Tudo é puro e belo e santo
Tudo em ti é flor e primavera
Tua aura em mim é acalanto
Mas entretanto insólita quimera


Heitor Victor

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