Todo Poeta
Todo poeta é um idiota,
não se comporta, não se conforta,
não vê a inutilidade do que faz,
não vê a dor que a si mesmo traz
por suportar a dor que nem sequer é sua.
Todo poeta é maldito
exatamente por ter dito o que é mau.
Todo poeta merece morrer
de dor, de tédio,
por ser suspeito desse crime,
por sua língua de trapo;
farrapo, flagelo da humanidade.
O poeta nem mesmo finge,
pois seu fingir é hipócrita.
Pois em verdade sente,
mente exatamente em dizer que está mentindo.
Todo poeta tem um pouquinho de Alberto,
mas incerto insiste não saber
que há duas vias certas:
a que se fecha docilmente os olhos
e aquela em que se quer morrer.
Comentários
Postar um comentário