Marujo em 1910
Não sei se foi à tarde ou à noite,
Sei somente que houve revolta.
Pois os lombos já estavam cansados,
Os chicotes desgrenhados,
O orgulho humilhado,
E os marujos revoltados.
Há uma hora em que os humilhados se cansam.
Os lombos se cansam,
Os negros se cansam,
Os trabalhadores se cansam
(a vida cansa).
É nesta hora que o barco vira,
Se revolta,
Atira,
Ameaça.
Marujo não é burro,
Marujo é bicho astuto,
Pega em armas,
Vai pro luto.
Marujo luta.
Marujo luta
Porque marujo ama.
Ama a mãe,
A liberdade,
A Adelaide.
Ama a vida.
Pela luta
João é perdoado.
Cândido é perdoado.
Negro é perdoado.
Marujo é perdoado.
É perdoado, mas é preso.
É perdoado, mas é morto.
É preso, é morto, mas é perdoado.
Pelo menos o chicote se cansou,
Agora ele parou.
Pelo menos (oficialmente) no meu barco.
Sei somente que houve revolta.
Pois os lombos já estavam cansados,
Os chicotes desgrenhados,
O orgulho humilhado,
E os marujos revoltados.
Há uma hora em que os humilhados se cansam.
Os lombos se cansam,
Os negros se cansam,
Os trabalhadores se cansam
(a vida cansa).
É nesta hora que o barco vira,
Se revolta,
Atira,
Ameaça.
Marujo não é burro,
Marujo é bicho astuto,
Pega em armas,
Vai pro luto.
Marujo luta.
Marujo luta
Porque marujo ama.
Ama a mãe,
A liberdade,
A Adelaide.
Ama a vida.
Pela luta
João é perdoado.
Cândido é perdoado.
Negro é perdoado.
Marujo é perdoado.
É perdoado, mas é preso.
É perdoado, mas é morto.
É preso, é morto, mas é perdoado.
Pelo menos o chicote se cansou,
Agora ele parou.
Pelo menos (oficialmente) no meu barco.
Petrópolis, 12 de dezembro de 2007.
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